'Sem florestas, as cidades ficam mais vulneráveis', diz climatologista sobre tornado no Paraná

  • 09/11/2025
(Foto: Reprodução)
'Sem florestas, as cidades ficam mais vulneráveis', diz climatologista sobre tornado no PR O tornado que atingiu Rio Bonito do Iguaçu, no centro-sul do Paraná, na noite de sexta-feira (7), é resultado de fenômenos climáticos que têm se tornado mais frequentes e intensos no estado, segundo o climatologista Francisco Assis Mendonça, professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Para o pesquisador, o avanço do desmatamento e o aquecimento das águas do oceano eliminam o anteparo natural contra os ventos fortes, o que deixa as cidades mais vulneráveis a ciclones e tornados. “As matas são o anteparo natural contra a força dos ventos. Sem elas, os fenômenos se formam mais rápido, mais fortes e chegam às cidades. Sem florestas, as cidades ficam mais vulneráveis”, explica Mendonça. ✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 PR no WhatsApp Segundo ele, o Paraná é especialmente vulnerável porque perdeu quase toda sua cobertura original de floresta. “Em 1890, o estado era coberto de mata atlântica, araucária e campos gerais. Hoje, temos menos de 5% de mata natural. Em volta de Rio Bonito do Iguaçu, cerca de 60% da mata foi retirada”, afirma. Mapa mostra o desmatamento na região ao longo dos anos Secretaria do Meio Ambiente do Estado do Paraná Mendonça reforça que o desmatamento amplia a força destrutiva dos ventos. “O que acontece é que os ventos se formam naturalmente, mas ganham força em uma paisagem cada vez mais desprotegida. Há agricultura em centenas de quilômetros, sem anteparo de florestas nem montanhas. É algo cientificamente compreensível, mas que mostra o descaso com a preservação ambiental”, avalia. Tornado no PR pode estar entre os 10 piores já registrados no Brasil Prefeito diz que cidade do Paraná atingida por tornado terá que ser reconstruída Saiba quem são as seis vítimas que morreram durante tornado Enem é suspenso em cidade do PR destruída por passagem de tornado Fenômenos mais intensos O climatologista explica que eventos como o tornado do último fim de semana ocorreram em outras épocas, mas estão se tornando mais comuns e intensos com o aquecimento do planeta. “Esses fenômenos sempre aconteceram em regiões tropicais e subtropicais, mas agora ocorrem com muito mais frequência. O ano passado foi um dos mais quentes da história da Terra, e este também está sendo. As águas do oceano se aquecem e injetam mais vapor no ar, o que torna a atmosfera mais turbulenta”, diz. De acordo com ele, o encontro entre o ar quente e o ar frio é o principal gatilho para a formação de ciclones e tornados. “O Paraná está na linha do Trópico de Capricórnio, onde há o embate constante entre o ar quente tropical e o ar frio polar. Nas estações de transição, como primavera e outono, esses contrastes são maiores e favorecem a formação desses eventos”, explica. Infográfico: tornado deixa rastro de destruição em Rio Bonito do Iguaçu, no Paraná Arte/g1 Reflorestamento e cidades mais resilientes Para reduzir os impactos, o climatologista defende o reflorestamento e o planejamento urbano voltado à adaptação climática. “A principal medida é restaurar as áreas degradadas, especialmente vales e encostas. As cidades também devem ter bolsões de mata ao redor para reduzir a força dos ventos. Dentro delas, parques e ruas arborizadas são fundamentais. Uma cidade verde é mais fresca, tem mais umidade e sofre menos com os ventos”, completa. Para Mendonça, a prevenção depende de ações conjuntas e de longo prazo. “Podemos pensar em arquitetura mais aerodinâmica e sustentável, mas o essencial é o reflorestamento regional. Sem pensar na escala regional, as cidades não conseguirão enfrentar esses fenômenos”, conclui. 'Em 1 minuto acabou tudo': moradores relatam desespero após tornado destruir cidade no interior do Paraná Reprodução/TV Globo VÍDEOS: mais assistidos do g1 Veja mais notícias do estado em g1 Paraná.

FONTE: https://g1.globo.com/pr/campos-gerais-sul/noticia/2025/11/09/sem-florestas-as-cidades-ficam-mais-vulneraveis-diz-climatologista-sobre-tornado-no-parana.ghtml


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