Morte de irmãos que tomaram veneno achando ser suco completa cinco meses com inquérito 'travado' aguardando laudo da perícia, no PR

  • 09/06/2025
(Foto: Reprodução)
Segundo a polícia, vítimas, de 54 e 57 anos, eram esquizofrênicas, moravam sozinhas em casa próxima à de outro irmão e tomaram agrotóxico por ele estar em garrafinha plástica. Delegado quer responsabilizar donos de agropecuária pela venda proibida. Veneno estava guardado em garrafa plástica transparente Polícia Civil do Paraná A Polícia Civil do Paraná (PC-PR) aguarda o resultado de laudos periciais da Polícia Científica do estado para finalizar o inquérito sobre os irmãos que morreram após tomarem veneno de uso agropecuário que estava guardado em uma garrafa plástica transparente e não rotulada em Sengés, nos Campos Gerais do Paraná. O caso completou cinco meses nesta segunda-feira (9) e está "travado" na polícia devido à espera pelos laudos, diz a corporação. ✅Siga o g1 PR no Instagram ✅ Siga o canal do g1 PR no WhatsApp A Polícia Civil também informou que considera as mortes como acidentais. Por isso, o outro irmão das vítimas, responsável por comprar o veneno e deixar na casa deles, poderá responder pelo crime de homicídio culposo (sem intenção de matar). Já os donos da agropecuária que fez a venda podem ser indiciados por venda ilegal de agrotóxico proibido. Saiba mais abaixo. "A PC-PR segue investigando o caso e aguarda resultado de laudos periciais para identificar a substância ingerida pelas vítimas e concluir o inquérito policial", disse a corporação, ao g1. Questionada pelo g1 sobre o andamento dos laudos, a Polícia Científica do Paraná afirmou que, por envolverem a detecção de agrotóxicos em amostras de sangue, as análises demandam maior tempo de processamento "em razão da complexidade analítica envolvida". O prazo estimado para o término dos laudos é a segunda semana de julho, diz a corporação. "Tais compostos exigem métodos específicos de extração, derivatização e detecção, geralmente realizados por técnicas instrumentais de alta sensibilidade, como a cromatografia líquida acoplada à espectrometria de massas (LC-MS/MS). Além disso, o processo requer rigoroso controle de qualidade e validação dos resultados, o que impacta diretamente no prazo de liberação. [...] Reiteramos que todas as etapas estão sendo executadas com o cuidado necessário para garantir a confiabilidade e precisão analítica", justifica a Polícia Científica. O irmão das vítimas, que comprou o veneno, não possui defesa constituída. O g1 optou por não revelar o nome e imagem dele porque o inquérito que apura o caso aponta que ele não agiu com a intenção de matar, e as mortes são consideradas acidentais. O g1 entrou em contato com o advogado que representa os donos da agropecuária e aguarda resposta. Irmãos tiveram acesso a veneno por engano, indica investigação Irmão das vítimas disse que os dois tiveram acesso a veneno por engano De acordo com informações da Polícia Civil, familiares relataram que as vítimas eram diagnosticadas com esquizofrenia e moravam sozinhas em uma casa próxima de onde vive outro irmão, de 65 anos, que era tutor deles. Ambas as residências ficam no mesmo sítio, na zona rural da cidade. O g1 teve acesso ao interrogatório do irmão das vítimas que comprou o veneno. Ele disse à polícia que os dois tiveram acesso à substância por engano. Assista acima. Segundo ele, no dia 8 de janeiro os dois pediram que ele comprasse suco de uva. Ele contou que comprou no mercado e, no caminho, aproveitou para ir a uma agropecuária comprar botas e luvas. No mesmo estabelecimento, comprou um herbicida que estava precisando para utilizar na lavoura. O veneno, segundo a investigação, foi vendido a granel, em um frasco sem etiqueta - o que é proibido por lei. Saiba mais abaixo. O irmão das vítimas também disse à polícia que, ao chegar na casa deles, deixou a sacola com o suco e também a com as botas e as luvas – mas nela também estava o herbicida, que ele esqueceu de levar para a própria casa. Cerca de 20 minutos depois ele percebeu que deixou a sacola na casa dos irmãos e voltou ao local para buscar o veneno, mas eles já tinham tomado o líquido, conforme a investigação. Os familiares disseram que os irmãos provavelmente acharam que o veneno era suco de uva por três motivos: eles tinham pedido para o irmão mais velho comprar a bebida; a cor do veneno, que era líquido, parecia com a do suco; e o recipiente em que o veneno estava era uma garrafa plástica transparente e não rotulada, semelhante a uma garrafa de água de 500 ml. A ingestão aconteceu no dia 8 de janeiro (quarta-feira). De acordo com o boletim da ocorrência, ambos foram socorridos com vida, mas faleceram horas depois, já no dia 9, no pronto atendimento municipal. Veneno foi vendido de forma proibida, segundo a polícia Veneno estava guardado em garrafa plástica transparente Polícia Civil A situação inicialmente foi atendida pela delegada Renata Batista. Na época, ela ressaltou que, por lei, herbicidas devem ser vendidos rotulados, com identificação e orientações sobre cuidados no manuseio - o que não foi o caso da situação de Sengés, segundo ela. "O herbicida foi adquirido na forma líquida, e tinha uma cor escura, parecida com suco de uva, e foi vendido a granel, ou seja, o vendedor retirou de um frasco maior e acondicionou em um frasco transparente, parecido com garrafa de suco. Nesse frasco de meio litro de herbicida não tinha nenhuma etiqueta com alerta de perigo sobre o consumo, forma de uso, ou composição", relatou a delegada. De acordo com o delegado Isaias Fernandes Machado, de Sengés,que assumiu o caso quando voltou de férias, outras irregularidades foram identificadas posteriormente: a agropecuária não possuía autorização para vender nenhum tipo de agrotóxico; o veneno vendido ao irmão das vítimas pode ter venda proibida no Brasil (para confirmar essa tese, é necessário que o laudo da perícia confirme qual é a substância). "Assim que a perícia aportar, haverá indiciamento do proprietário da agropecuária que vendeu venenos, sua mulher e seu filho, porque foi comprovado que os três faziam a venda irregular (a loja não tinha autorização para vender nenhum tipo de agrotóxico)", detalha Machado. O delegado também afirma que, pelos crimes, os donos do estabelecimento podem ser condenados a até nove anos de prisão, pela venda do veneno proibido, e seis anos de prisão, pela venda de agrotóxicos permitidos, mas sem autorização. "O irmão que levou o veneno que matou seus irmãos, por ter agido com negligência, irá ser indiciado por homicídio culposo - mas certamente, segundo a lei, irá receber perdão judicial", finaliza o delegado. Vídeos mais assistidos do g1 Paraná: Leia mais notícias da região em g1 Campos Gerais e Sul.

FONTE: https://g1.globo.com/pr/campos-gerais-sul/noticia/2025/06/09/cinco-meses-morte-irmaos-que-tomaram-veneno-achando-ser-suco-parana.ghtml


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