Homem que ateou fogo na companheira em Maringá usou acendedor de churrasqueira e um isqueiro para cometer crime, afirma MP
04/07/2025
(Foto: Reprodução) José Rodrigo Bandura foi denunciado por tentativa de feminicídio, com qualificadoras como emprego de fogo e recurso que dificultou a defesa da vítima. Defesa diz que aguarda diligencias e vai pedir pela revogação da prisão dele. José Bandura foi denunciado por tentativa de feminicídio.
Reprodução
José Rodrigo Bandura, de 39 anos, usou um acendedor de churrasqueira e um isqueiro para colocar fogo na companheira, de 47 anos. As informações são da denúncia feita contra ele pelo Ministério Público do Paraná (MP-PR), pelo crime de tentativa de feminicídio, com qualificadoras como emprego de fogo e recurso que dificultou a defesa da vítima.
O caso aconteceu no dia 4 de junho, no bairro Jardim Oriental em Maringá, no norte do Paraná, e foi registrado por câmeras de segurança. A mulher teve 30% do corpo queimado e foi hospitalizada.
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Segundo o MP, ela teve queimaduras de terceiro grau, na parte superior do rosto, cabeça e tórax e passou por cirurgia.
Ela chegou a ficar internada na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) do Centro de Tratamento para Queimados (CTQ) do Hospital Universitário (HU) de Londrina , de onde só saiu no dia 27 de junho. No momento, ela segue internada na enfermaria da ala de queimados e sem previsão de alta.
O Tribunal de Justiça do Paraná aceitou a denúncia feita pela 23ª Promotoria de Justiça de Maringá contra Bandura no dia 17 de junho. Ele está preso na Cadeia Pública de Maringá desde o dia do crime e o MP também pediu para que ele continue preso preventivamente.
Ao g1, o advogado Marcelo Jacomossi, que representa Bandura, disse que aguarda o cumprimento de algumas diligencias para a elucidação do ocorrido e para pedir pela revogação da prisão do denunciado.
Bandura e a vítima tinham um relacionamento há três anos e foram morar juntos um mês antes do crime
Conforme a denúncia, Bandura e a companheira mantinham um relacionamento há aproximadamente três anos. Eles foram morar juntos um mês antes do crime. Neste tempo, consta no documento que as brigas entre os dois se intensificaram.
No dia do crime, a denúncia aponta que, durante uma discussão, o homem despejou um acendedor em gel no corpo da mulher e depois ateou fogo com um isqueiro.
Em chamas, a mulher tentou correr em direção a um tanque da lavanderia mas foi jogada no chão por Bandura, segundo a denúncia. Ela foi segurada no chão, mas conseguiu se soltar e se arrastou até a piscina, onde ficou por alguns segundos.
Em seguida, ela saiu e foi para o banheiro, onde aguardou a chegada da Polícia Militar (PM-PR).
A promotoria entendeu que Bandura só não conseguiu matar a companheira, pois ela conseguiu se jogar na piscina e recebeu atendimento médico rápido e eficaz. Considerou ainda que ele agiu com consciência e vontade.
A mulher foi filmada por câmeras de segurança com o corpo em chamas dentro de casa. Assista ao vídeo abaixo.
Mulher é filmada 'em chamas' dentro de casa, no Paraná
Homem confessou o crime durante audiência de custódia e disse que se arrependeu
Em audiência de custódia, Bandura confessou ter ateado fogo na companheira. Em depoimento à Polícia Civil (PC-PR), ele negou ter cometido o crime. Mais tarde, diante de um juiz, ele afirmou que agiu por impulso, disse estar arrependido e perguntou se a mulher está bem. Assista baixo.
Nas imagens da audiência, José é questionado pelo advogado e afirma ter prestado os primeiros socorros à mulher. Em seguida, ele confirma não ter tido a intenção de atear fogo na vítima e diz estar arrependido.
Após as instruções e a determinação da prisão preventiva, José pede para fazer uma pergunta e questiona se o juiz sabe se a mulher está bem. Em resposta, o magistrado afirma que não sabe.
Em audiência de custódia, homem confessa e diz que se arrepende de atear fogo em mulher
Em entrevista à RPC, a tenente da Polícia Militar (PM-PR), Letícia Martins Donadelo, disse que, durante o atendimento da ocorrência, a mulher contou que foi o companheiro quem jogou álcool no corpo dela e depois ateou fogo. A tenente ainda informou que José estava com sinais de embriaguez e não conseguiu declarar o que fez.
Homem tem outros registros por violência doméstica
A RPC teve acesso ao boletim de ocorrência de violência doméstica, registrado pela mesma vítima em dezembro de 2024. No documento, ela disse aos policiais que José tinha chegado alterado em casa, estando possivelmente alcoolizado e sob o efeito de drogas. Com medo, ela acionou a polícia via 190 e José foi embora da casa.
Em consultas ao sistema da Secretaria de Segurança Pública, a tenente da PM disse que também foi possível encontrar outras passagens dele por agressão a mulheres.
"Há inclusive algumas passagens por lesão contra a mulher, contra suas companheiras. Desde 2019, há pelo menos três registros. Ainda consta que em 2024 a vítima fez um boletim de violência doméstica contra ele", informou a tenente.
Mulher teve 30% do corpo queimado
Reprodução/RPC Maringá
Em outro boletim de ocorrência ao qual a RPC teve acesso, a Polícia Militar foi acionada para conter José, que estava colocando fogo na casa da antiga companheira. O caso aconteceu em novembro de 2019, em Ivatuba, no norte do Paraná.
Os policiais registraram no documento que encontraram José armado. A mulher disse aos agentes que os dois tinham brigado e que foi ofendida e agredida por ele, ficando com hematomas no braço esquerdo.
Em seguida, segundo o boletim, ele ingeriu bebida alcóolica, se feriu na barriga com uma faca e ateou fogo na casa, onde a vítima estava.
O documento ainda cita que, quando os policiais chegaram ao local, havia caminhões-pipa e "um grande número de pessoas aglomeradas e com ânimos alterados", e que houve uma "briga generalizada de pessoas que diziam estar inconformadas". Para tentar conter a confusão, um dos policiais deu um tiro para o alto.
Em seguida, José foi levado para um hospital na cidade de Doutor Camargo e depois foi preso.
Conforme dito no depoimento dele à polícia, realizado na quarta--feira, ele ainda tinha um mandado de prisão em aberto devido ao processo deste caso registrado em Ivatuba.
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